terça-feira, 28 de outubro de 2014

PESQUISA REVELA QUE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER OCORRE NA MAIORIA DAS VEZES NA FRENTE DOS FILHOS.

Com a transformação em disque denúncia, 180, no primeiro semestre, a central enviou mais de 15.000 denúncias para serviços de segurança e do Ministério Público nos Estados brasileiros.
 
Apesar de ser um crime e grave violação de direitos humanos, a violência contra as mulheres segue vitimando milhares de brasileiras reiteradamente: 77% das mulheres em situação de violência sofrem agressões semanal ou diariamente, conforme revelaram os dados dos atendimentos realizados de janeiro a junho de 2014 pela Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR).

Nos primeiros seis meses do ano, o Ligue 180 realizou 265.351 atendimentos, sendo que as denúncias de violência corresponderam a 11% dos registros – ou seja, foram reportados 30.625 casos. Em 94% deles, o autor da agressão foi o parceiro, ex ou um familiar da vítima. Os dados mostram ainda que violência doméstica também atinge os filhos com frequência: em 64,50% os filhos presenciaram a violência e, em outros 17,73%, além de presenciar, também sofreram agressões.

TIPOS DE VIOLÊNCIA

Entre os tipos de violência informados nos atendimentos realizados pelo Ligue 180, os mais recorrentes foram a violência física (15.541 relatos); seguida pela psicológica (9.849 relatos); moral (3.055 relatos); sexual (886 relatos) e a patrimonial (634 relatos).

 IMPORTÂNCIA DO ACESSO A SERVIÇOS DE JUSTIÇA SEGURANÇA E ACOLHIMENTO

Entre as informações buscadas sobre a Rede de Serviços e Atendimento à Mulher, a Defensoria Pública foi o serviço mais procurado, comprovando a necessidade de acesso das demandantes do Ligue 180 à Justiça. As Casas Abrigo aparecem em segundo lugar, indicando alto risco da situação de violência em que as demandantes se encontram, de acordo com a Central de Atendimento.
 

Fonte: www.compromissoeatitude.org.br/dados-do-ligue-180-revelam-que-a-violencia-contra-mulheres-acontece-com-frequencia-e-na-frente-dos-filhos/Por Débora Prado Portal Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

FEMINICÍDIO: 40 MIL MULHERES FORAM ASSASSINADAS NO BRASIL NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS

A mídia tem divulgado alguns dados alarmantes sobre a violência doméstica, dados que dão conta de que "no Brasil, a cada duas horas uma mulher morre vítima de violência doméstica", que "dez mulheres são vítimas de violência a cada hora", ou "a cada hora, dez mulheres são vítimas de maus tratos".

 Alguns números sobre a violência contra as mulheres no Brasil:

De janeiro a dezembro de 2012, a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), com sede em Brasília – DF, contabilizou 732.468 registros, dados do país, sendo 88.685 relatos de violência. Isso significa que, a cada hora, dez mulheres foram vítimas de maus tratos ao longo do ano passado. 

Entre os tipos de violência relatados, a física permanece a mais frequente, totalizando 50.236 registros (56%), seguida pela psicológica, com 24.477 (28%); moral, com 10.372 (12%); sexual, com 1.686 (2%); e patrimonial, com 1.426 (2%). Dados indicam ainda que, em 2012, foram computados 430 casos de cárcere privado – mais de um por dia. Em 70% dos casos registrados, o agressor é o companheiro ou o cônjuge da vítima. 

Acrescentando os demais vínculos afetivos, como ex-marido, namorado e ex-namorado, o número sobe para 89%. Cerca de 10% das denúncias mostram agressões cometidas por parentes, vizinhos, amigos e desconhecidos.

Mapa da Violência 2012 – Instituto Sangari (abril de 2012)

De 1980 a 2010, foram assassinadas no país perto de 91 mil mulheres, 43,5 mil só na última década. O número de mortes nesses 30 anos passou de 1.353 para 4.297, o que representa um aumento de 217,6% – mais que triplicando – nos quantitativos de mulheres vítimas de assassinato.

De 1996 a 2010 as taxas de assassinatos de mulheres permanecem estabilizadas em torno de 4,5 homicídios para cada 100 mil mulheres. Espírito Santo, com sua taxa de 9,4 homicídios em cada 100 mil mulheres, mais que duplica a média nacional e quase quadruplica a taxa do Piauí, estado que apresenta o menor índice do país.

Entre os homens, só 14,7% dos incidentes aconteceram na residência ou habitação. Já entre as mulheres, essa proporção eleva-se para 40%.


Duas em cada três pessoas atendidas no SUS em razão de violência doméstica ou sexual são mulheres; em 51,6% dos atendimentos foi registrada reincidência no exercício da violência contra a mulher.

Saiba mais: Mapa da Violência 2012 – Homicídio de Mulheres no Brasil, divulgado em abril/2012; veja também a atualização dos dados divulgada em agosto/2012

 Homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia”. Concordaram com esta afirmação, total ou parcialmente, 91% dos entrevistados em maio e junho de 2013 pelo Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada); ao mesmo tempo, 26% concordam que mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas.

Saiba maisPesquisa Tolerância social à violência contra as mulheres (Ipea, março-abril/2014)  

  Postagem do Grupo 1: Camilla, Giselli, Valéria e Rochelli

terça-feira, 14 de outubro de 2014

DEUS NÃO É BRANCO NEM HOMEM. DEUS É AMOR!

Nas análises psicanalíticas dos homens violentos, há de se perceber sua visão sexista do mundo. Ele se vê como o macho alfa, dominador, senhor do bem e do mal. Provedor e proprietário de sua família. Assim, caso algum desses pontos que considera imutável se quebre não consegue se adaptar às novas regras de convivência e a explosão da fúria é inevitável.
NÃO ACEITE SER FÊMEA DA MATILHA! DENUNCIE! MULHER NÃO É LOBA, É MULHER E TEM O DIREITO DE SER RESPEITADA SUAS POSIÇÕES E OPINIÕES.

COMO QUEBRAR O CICLO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER?

Não despertar para os sintomas é o principal fator para a violência doméstica fazer tantas vítimas.
Ela independe de nível social ou de escolaridade. Lembre disso!
Caso identifique algum desses sintomas, ligue o alerta ao máximo.
Animação feita pela Brainwash Studios retratando a violência de gênero e suas consequências.
"Change (In The House Of Flies)"
 
Postagem de Camilla, Giselli, Valéria e Rochelli

domingo, 12 de outubro de 2014

A LIGA - Bandeirantes - Programa aborda a violência doméstica

Vale a pena ver de novo





NOVIDADES NO BLOG - ACESSIBILIDADE AOS SURDOS USUÁRIOS DA LIBRAS



Nosso blog passa agora a contar com uma ferramenta de tradução para a LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais. Nosso site agora é acessível para pessoas surdas usuárias da língua de sinais. Neste haverá vários assuntos escritos com textos na língua portuguesa que poderão ser interpretados para a língua brasileira de sinais. Para saber se a página eletrônica que estiver acessando já possui vídeos disponíveis na língua de sinais, haverá um ícone no canto superior direito de cada página como este que vemos acima. Ao clicar nele, aparecerá um box para a interpretação. Faça assim: clique no ícone e depois marque a frase ou texto que quer ver traduzido. É muito fácil, apenas tem que ter android.


PLP 2.0 - BOTÃO DO PÂNICO VIRTUAL - A tecnologia a favor do combate à violência contra a mulher.




PLP 2.0 - APLICATIVO VIRTUAL PARA COIBIR A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER JÁ É UMA REALIDADE EM MUITOS ESTADOS BRASILEIROS


Em evento promovido sexta-feira, dia 22 de agosto de 2014 pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Poder Judiciário do Estado de São Paulo (Comesp) para comemorar os oito anos da Lei Maria da Penha abrangeu também o lançamento do projeto “A Tecnologia a Serviço do Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher”.

A iniciativa destacou a criação de um aplicativo que pode ser instalado em smartphone com sistema Android e que, conectado a uma rede de pessoas e entidades públicas e privadas, atua em tempo real, instantaneamente, no socorro a mulheres vítimas de violência. O programa já funciona no Rio Grande do Sul, em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado.

Realizado no Fórum Criminal da Barra Funda, o encontro foi aberto pela coordenadora da Comesp, desembargadora Angélica de Maria Mello de Almeida, que ressaltou a frequência com que ocorrem casos de violência contra a mulher, nem sempre comunicados. “Temos a convicção de que as paredes das casas abafam as vozes das mulheres, que são submetidas às mais variadas formas de violência”, disse. “O tema exige atuação conjunta entre Poder Judiciário, órgãos públicos e entidades privadas não governamentais que atuam nessa luta. A Comesp sente-se honrada e privilegiada, através das juízas e desembargadoras que a compõem, em poder atuar com entidades como o Geledés–Instituto da Mulher Negra e a Themis–Gênero, Justiça e Cidadania”, disse.

Sobre o Aplicativo:

http://www.plp20.org.br

  1. o PLP 2.0 funciona incialmente somente em Android
  2. É a primeira fase do aplicativo
  3. Cria uma rede particular de proteção e permite cadastrar 5 telefones em Minha rede de proteção
  4. configure o tempo de alarme
  5. Agite seu telefone para enviar o pedido de socorro
  6. e aguarde novas atualizações!






Leia a matéria completa em: PLP 2.0 - Aplicativo para coibir a violência contra a mulher - Portal Geledés
Postagem do Grupo 1: Camilla, Giselli, Valéria e Rochelli

Dia das Crianças... Para muitas delas, esse não será um feliz dia. Suas mães são vítimas da mais inimaginável das violências a doméstica.

Esse vídeo, gravado durante um ano inteiro, mostra uma mulher sérvia registrando o cotidiano de muitas mães, namoradas, filhas e esposas, que nada tem para comemorar. Muitas delas, compartilham de suas agressões com seus filhos e filhas.

CONSCIENTIZE-SE! DENUNCIAR ESSA PRATICA É OBRIGAÇÃO DE CADA UM DE NÓS.
Postagem Camilla, Giselli, Valéria e Rochelli

domingo, 28 de setembro de 2014

Botão do pânico - ferramenta de proteção!!!

Boa Tarde, amigos leitores.

No dia 21 de setembro foi ao ar no programa FANTÁSTICO da rede Globo de televisão uma matéria a respeito do Dispositivo de Segurança Preventiva (DSP), batizado de botão do pânico.

Essa nova “ferramenta”, lançada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo (TJES), pode fazer a diferença na proteção das mulheres vítimas de violência.

O botão poderá possibilitar mais eficácia às medidas protetivas. “Uma vez acionado, imediatamente a Guarda Municipal será informada e poderá agir de forma a garantir a prevenção”.

Abaixo segue o link da resportagem. Não deixem de assistir.

http://globotv.globo.com/rede-globo/fantastico/t/edicoes/v/mulheres-utilizam-o-botao-do-panico-para-evitar-agressoes-no-es/3644

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O sofrimento que atinge muitíssimas pessoas, independente do nível intelectual, social e econômico. FIQUE DE OLHO!!



A violência doméstica é um problema que atinge milhares de crianças, adolescentes, e mulheres. Esta página começava com essas palavras, até que recebi e-mail de um leitor ressaltando a falha e injustiça de excluir, do rol dos prejudicados, os homens. Portanto, podemos começar de novo dizendo que: A violência doméstica é um problema universal que atinge milhares de pessoas, em grande número de vezes de forma silenciosa e dissimuladamente.
Trata-se de um problema que acomete ambos os sexos e não costuma obedecer nenhum nível social, econômico, religioso ou cultural específico, como poderiam pensar alguns.
Sua importância é relevante sob dois aspectos; primeiro, devido ao sofrimento indescritível que imputa às suas vítimas, muitas vezes silenciosas e, em segundo, porque, comprovadamente, a violência doméstica, incluindo aí a Negligência Precoce e o Abuso Sexual, podem impedir um bom desenvolvimento físico e mental da vítima.
Segundo o Ministério da Saúde, as agressões constituem a principal causa de morte de jovens entre 5 e 19 anos. A maior parte dessas agressões provém do ambiente doméstico. A Unicef estima que, diariamente, 18 mil crianças e adolescentes sejam espancados no Brasil. Os acidentes e as violências domésticas provocam 64,4% das mortes de crianças e adolescentes no País, segundo dados de 1997. 


Violência Doméstica, segundo alguns autores, é o resultado de agressão física ao companheiro ou companheira. Para outros o envolvimento de crianças também caracterizaria a Violência Doméstica. A vítima de Violência Doméstica, geralmente, tem pouca auto-estima e se encontra atada na relação com quem agride, seja por dependência emocional ou material. O agressor geralmente acusa a vítima de ser responsável pela agressão, a qual acaba sofrendo uma grande culpa e vergonha. A vítima também se sente violada e traída, já que o agressor promete, depois do ato agressor, que nunca mais vai repetir este tipo de comportamento, para depois repetí-lo.

Em algumas situações, felizmente não a maioria, de franca violência doméstica persistem cronicamente porque um dos cônjuges apresenta uma atitude de aceitação e incapacidade de se desligar daquele ambiente, sejam por razões materiais, sejam emocionais. Para entender esse tipo de personalidade persistentemente ligada ao ambiente de violência doméstica poderíamos compará-la com a atitude descrita como co-dependência, encontrada nos lares de alcoolistas e dependentes químicos .
Para entender a violência doméstica, deve-se ter em mente alguns conceitos sobre a dinâmica e diversas faces da violência doméstica, como por exemplo:
Violência Física
Violência física é o uso da força com o objetivo de ferir, deixando ou não marcas evidentes. São comum murros e tapas, agressões com diversos objetos e queimaduras por objetos ou líquidos quentes. Quando a vítima é criança, além da agressão ativa e física, também é considerado violência os atos de omissão praticados pelos pais ou responsáveis.

Quando as vítimas são homens, normalmente a violência física não é praticada diretamente. Tendo em vista a habitual maior força física dos homens, havendo intenções agressivas, esses atos podem ser cometidos por terceiros, como por exemplo, parentes da mulher ou profissionais contratados para isso. Outra modalidade são as agressões que tomam o homem de surpresa, como por exemplo, durante o sono. Não são incomuns, atualmente, a violência física doméstica contra homens, praticados por namorados(as) ou companheiros(as) dos filhos(as) contra o pai.
Apesar de nossa sociedade parecer obcecada e entorpecida pelos cuidados com as crianças e adolescentes, é bom ressaltar que um bom número de agressões domésticas são cometidos contra os pais por adolescentes, assim como contra avós pelos netos ou filhos. Dificilmente encontramos trabalhos nessa área.
Não havendo uma situação de co-dependência do(a) parceiro(a) à situação conflitante do lar, a violência física pode perpetuar-se mediante ameaças de "ser pior" se a vítima reclamar à autoridades ou parentes. Essa questão existe na medida em que as autoridades se omitem ou tornam complicadas as intervenções corretivas.
O abuso do álcool é um forte agravante da violência doméstica física. A Embriagues Patológicaé um estado onde a pessoa que bebe torna-se extremamente agressiva, às vezes nem lembrando com detalhes o que tenha feito durante essas crises de furor e ira. Nesse caso, além das dificuldades práticas de coibir a violência, geralmente por omissão das autoridades, ou porque o agressor quando não bebe "é excelente pessoa", segundo as próprias esposas, ou porque é o esteio da família e se for detido todos passarão necessidade, a situação vai persistindo.
Também portadores de Transtorno Explosivo da Personalidade são agressores físicos contumazes. Convém lembrar que, tanto a Embriagues Patológica quanto o Transtorno Explosivo têm tratamento. A Embriagues Patológica pode ser tratada, seja procurando tratar o alcoolismo, seja às custas de anticonvulsivantes (carbamazepina). Estes últimos também úteis noTranstorno Explosivo.
Mesmo reconhecendo as terríveis dificuldades práticas de algumas situações, as mulheres vítimas de violência física podem ter alguma parcela de culpa quando o fato se repete pela 3a. vez. Na primeira ela não sabia que ele era agressivo. A segunda aconteceu porque ela deu uma chance ao companheiro de corrigir-se mas, na terceira, é indesculpável.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram agredidas fisicamente por seus parceiros entre 10% a 34% das mulheres do mundo. De acordo com a pesquisa “A mulher brasileira nos espaços públicos e privados” – realizada pela Fundação Perseu Abramo em 2001, registrou-se espancamento na ordem de 11% e calcula-se que perto de 6,8 milhões de mulheres já foram espancadas ao menos uma vez.
Violência Psicológica 
Violência Psicológica ou Agressão Emocional, às vezes tão ou mais prejudicial que a física, é caracterizada por rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas. Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes indeléveis para toda a vida.

Um tipo comum de Agressão Emocional é a que se dá sob a autoria dos comportamentos histéricos, cujo objetivo é mobilizar emocionalmente o outro para satisfazer a necessidade de atenção, carinho e de importância. A intenção do(a) agressor(a) histérico(a) é mobilizar outros membros da família, tendo como chamariz alguma doença, alguma dor, algum problema de saúde, enfim, algum estado que exija atenção, cuidado, compreensão e tolerância.
É muito importante considerar a violência emocional produzida pelas pessoas de personalidade histérica, pelo fato dela ser predominantemente encontrada em mulheres, já que, a quase totalidade dos artigos sobre Violência Doméstica dizem respeito aos homens agredindo mulheres e crianças. Esse é um lado da violência onde o homem sofre mais.
No histérico, o traço prevalente é o “histrionismo”, palavra que significa teatralidade. O histrionismo é um comportamento caracterizado por colorido dramático e com notável tendência em buscar atenção contínua. Normalmente a pessoa histérica conquista seus objetivos através de um comportamento afetado, exagerado, exuberante e por uma representação que varia de acordo com as expectativas da platéia. Mas a natureza do histérico não é só movimento e ação; quando ele percebe que ficar calado, recluso, isolado no quarto ou com ares de “não querer incomodar ninguém” é a atitude de maior impacto para a situação, acaba conseguindo seu objetivo comportando-se dessa forma.
Através das atitudes histriônicas o histérico consegue impedir os demais membros da família a se distraírem, a saírem de casa, e coisas assim. Uma mãe histérica, por exemplo, pode apresentar um quadro de severo mal estar para que a filha não saia, para que o marido não vá pescar, não vá ao futebol com amigos... A histeria quando acomete homens é pior ainda. O homem histérico é a grande vítima e o maior mártir, cujo sacrifício faz com que todos se sintam culpados.
Outra forma de Violência Emocional é fazer o outro se sentir inferior, dependente, culpado ou omisso é um dos tipos de agressão emocional dissimulada mais terríveis. A mais virulenta atitude com esse objetivo é quando o agressor faz tudo corretamente, impecavelmente certinho, não com o propósito de ensinar, mas para mostrar ao outro o tamanho de sua incompetência. O agressor com esse perfil tem prazer quando o outro se sente inferiorizado, diminuído e incompetente. Normalmente é o tipo de agressão dissimulada pelo pai em relação aos filhos, quando esses não estão saindo exatamente do jeito idealizado ou do marido em relação às esposas.
O comportamento de oposição e aversão é mais um tipo de Agressão Emocional. As pessoas que pretendem agredir se comportam contrariamente àquilo que se espera delas. Demoram no banheiro, quando percebem alguém esperando que saiam logo, deixam as coisas fora do lugar quando isso é reprovado, etc. Até as pequenas coisinhas do dia-a-dia podem servir aos propósitos agressivos, como deixar uma torneira pingando, apertar o creme dental no meio do tubo e coisas assim. Mas isso não serviria de agressão se não fossem atitudes reprováveis por alguém da casa, se não fossem intencionais.
Essa atitude de oposição e aversão costuma ser encontrada em maridos que depreciam a comida da esposa e, por parte da esposa, que, normalmente se aborrecendo com algum sucesso ou admiração ao marido, ridiculariza e coloca qualquer defeito em tudo que ele faça.
Esses agressores estão sempre a justificar as atitudes de oposição como se fossem totalmente irrelevantes, como se estivessem corretas, fossem inevitáveis ou não fossem intencionais. "Mas, de fato a comida estava sem sal... Mas, realmente, fazendo assim fica melhor..." e coisas do gênero. Entretanto, sabendo que são perfeitamente conhecidos as preferências e estilos de vida dos demais, atitudes irrelevantes e aparentemente inofensivas podem estar sendo propositadamente agressivas.
As ameaças de agressão física (ou de morte), bem como as crises de quebra de utensílios, mobílias e documentos pessoais também são consideradas violência emocional, pois não houve agressão física direta. Quando o(a) cônjuge é impedida(a) de sair de casa, ficando trancado(a) em casa também se constitui em violência psicológica, assim como os casos de controle excessivo (e ilógico) dos gastos da casa impedindo atitudes corriqueiras, como por exemplo, o uso do telefone.
Violência Verbal
A violência verbal normalmente se dá concomitante à violência psicológica. Alguns agressores verbais dirigem sua artilharia contra outros membros da família, incluindo momentos quando estes estão na presença de outras pessoas estranhas ao lar. Em decorrência de sua menor força física e da expectativa da sociedade em relação à violência masculina, a mulher tende a se especializar na violência verbal mas, de fato, esse tipo de violência não é monopólio das mulheres.

Por razões psicológicas íntimas, normalmente decorrentes de complexos e conflitos, algumas pessoas se utilizam da violência verbal infernizando a vida de outras, querendo ouvir, obsessivamente, confissões de coisas que não fizeram. Atravessam noites nessa tortura verbal sem fim. "Você tem outra(o) .... você olhou para fulana(o) ... confesse, você queria ter ficado com ela(e)" e todo tido de questionamento, normalmente argumentados sob o rótulo de um relacionamento que deveria se basear na verdade, ou coisa assim.
violência verbal existe até na ausência da palavra, ou seja, até em pessoas que permanecem em silêncio. O agressor verbal, vendo que um comentário ou argumento é esperado para o momento, se cala, emudece e, evidentemente, esse silêncio machuca mais do que se tivesse falado alguma coisa.
Nesses casos a arte do agressor está, exatamente, em demonstrar que tem algo a dizer e não diz. Aparenta estar doente mas não se queixa, mostra estar contrariado, "fica bicudo" mas não fala, e assim por diante. Ainda agrava a agressão quando atribui a si a qualidade de "estar quietinho em seu canto", de não se queixar de nada, causando maior sentimento de culpa nos demais.
Ainda dentro desse tipo de violência estão os casos de depreciação da família e do trabalho do outro. Um outro tipo de violência verbal e psicológica diz respeito às ofensas morais. Maridos e esposas costumam ferir moralmente quando insinuam que o outro tem amantes. Muitas vezes a intenção dessas acusações é mobilizar emocionalmente o(a) outro(a), fazê-lo(a) sentir diminuído(a). O mesmo peso de agressividade pode ser dado aos comentários depreciativos sobre o corpo do(a) cônjuge.
Afinal, se a criança e o adolescente não conseguem encontrar segurança e estabilidade em suas próprias casas, que visão levarão para o mundo lá fora? Os conflitos nas crianças podem resultar da disparidade entre o que diz a mãe, sobre ter medo de estranhos, e a violência sofrida dentro de casa, cometida por pessoas que a criança conhece muito bem. Além disso a violência doméstica pode ainda perpetuar um modelo de ração agressiva e violenta nas crianças que estão com a personalidade em formação.

Violência Doméstica é considerada um dos fatores que mais estimula crianças e adolescentes a viver nas ruas. Em muitas pesquisas feitas, as crianças de rua referem maus-tratos corporais, castigos físicos, violência sexual e conflitos domésticos como motivo para sair de casa.

FONTE: http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=89

Postagem: Giselli Gonçalves

Violência doméstica custa mais à economia das nações do que guerras.



Segundo reportagem extraída do Jornal O Povo online, especialistas revelaram na última terça-feira, 9, que a violência doméstica, principalmente contra mulheres e crianças, mata mais e causa um prejuízo maior à economia mundial do que guerras.
O tamanho do problema, em números, chegaria a 8 trilhões de dólares, cerca de R$ 20 trilhões por ano, segundo informações do Terra.
O estudo seria o primeiro a estimar os gastos globais com a violência nas casas, incentivando a Organização das Nações Unidas (ONU) a oferecer maior atenção a esses tipos de abuso, que costumam ter menos destaque do que conflitos armados como os da Síria ou da Ucrânia, por exemplo.
Os dados revelam que a cada civil morto em batalha, nove pessoas morrem em situações de desavenças interpessoais.
Ainda segundo o site Terra, outras informações dão conta que cerca de 20 nações passaram por guerras civis e tiveram a economia afetada em torno de 170 bilhões. Já os casos de homicídios, a maioria de homens, não relacionados à crises domésticas, custam 650 bilhões de dólares.
Esses números, no entanto, não se aproximam do montante de 8 trilhões estimado com os problemas de violência doméstica.

fonte: http://www.opovo.com.br/app/maisnoticias/mundo/2014/09/10/noticiasmundo,3312453/violencia-domestica-e-mais-prejudicial-as-nacoes-do-que-guerras.shtml
Postagem: Rochelli Scherrer

A violência doméstica é mundial!



Diante da triste fotografia, podemos perceber que a violência doméstica, infelizmente, acontece no mundo interesse, não sendo um problema de um único país.

Na fotografia, uma mulher iraniana e sua filha de 3 anos, desfiguradas por um ataque de ácido do marido / pai

fonte da foto:http://obutecodanet.ig.com.br/index.php/2014/04/30/fotos-interessantes-e-as-historias-por-tras-delas-parte-21/

Postagem: Camilla Pancini Girardi









Nos serviços de Saúde, uma mulher que sofreu violência deve ter o seu "motivo de atendimento"classificado segundo critérios de: 
VIOLÊNCIA FÍSICA;
VIOLÊNCIA SEXUAL; e, 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - É a agressão praticada por um familiar contra outro, ou por pessoas que habitam o mesmo teto mesmo sem relação de parentesco.

É necessário que nos serviços de saúde informatizados sejam criados códigos específicos para classificar e delimitar a violência. Já existe o código geral para violência, que é utilizado para qualquer tipo de violência. Tal código permaneceria para a violência física, independente do sexo, não enquadrada como violência sexual e nem doméstica. Criar um código para a "violência sexual", e outro para a "violência doméstica" é imperioso. 

Caso o "motivo de atendimento" não seja violência, de qualquer tipo, qualquer profissional de saúde (médico/a; enfermeiro/a; auxiliares de enfermagem; psicólogo/a; assistente social, etc.) que detecte que a mulher atendida sofreu violência, quer seja física, sexual ou doméstica, deverá comunicar o fato ao(à) profissional responsável pela condução do caso e solicitar a correção do "motivo de atendimento" no prontuário. 

Nas instituições em que a ficha de atendimento (prontuário) é feita em computador, não basta apenas que risque ou modifique o "motivo de atendimento" no prontuário, mas é necessário também que solicite ao(à) funcionário(a) responsável o preenchimento inicial do prontuário (dados de identificação pessoal) que o faça também nos arquivos de computador. Tal conduta é absolutamente indispensável para que as nossas estatísticas sejam mais reais.

A história completa e descrição das lesões: médicas e médicos precisam estar conscientes de que um prontuário cujo "motivo de atendimento" e diagnóstico é violência física, sexual ou doméstica representa um documento de grande valor legal para as mulheres, pois se trata do registro mais importante da violência sofrida, logo preenchê-lo adequadamente demonstra o grau de compromisso profissional no combate à violência, Portanto, o prontuário deverá ser preenchido com letra legível e conter a descrição exata das lesões e os encaminhamentos realizados.

Enfim, os encaminhamentos, internos e externos, devem ser por escrito e registrados no prontuário. Em casos de violência contra a mulher, um documento médico adequadamente preenchido, como o prontuário, é um testemunho que serve para combater a impunidade e pode salvar vidas!


Fontes Bibliográficas:
CARNEIRO, Sueli. Eixos articuladores da violência de gênero. Texto apresentado no Seminário Nacional Palavra de Mulher: revisão em torno das questões da violência doméstica, organizado pelo Benvinda - Centro de Apoio à Mulher, PBH, MG, 09/98.
LOPES, Marta Júlia Marques; MEYER, Dagtnar Estermam; WALDOW, Vera Regina (org.). Gênero e Saúde. Série Enfermagem, Editora Gráfica Metrópole S. A. (s/d).
"Mulheres Espancadas: protocolos de tratamento na rede de saúde", baseado no artigo de Wendy K. Taylor e Jacquelyn Campbel integrantes da Rede de Enfermagem sobre Violência Contra a Mulher, publicado na revista Response, 81, vol 14, No. 4. Republicado no Brasil no livro Violência Contra a mulher uma questão de Saúde Pública, p 77 a 80, Sub-Regional Brasil da Rede Feminista Latino-americana e do Caribe contra a Violência Doméstica, Sexual e Racial, 1997.

Postagem: Valéria Lopes

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A Lei Maria da Penha completa 08 anos e o Judiciário Capixaba se empenha diariamente para assegurar justiça!!




Varas Especializadas em Violência Doméstica, Botão do Pânico e Juizado Itinerante são iniciativas do Judiciário capixaba que merecem ser lembradas no aniversário de 08 anos da Lei Maria da Penha, comemorado nesta quinta (07). Elas mostram que o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) e seus parceiros buscam caminhos para combater a violência, e que é necessário o desenvolvimento de políticas públicas com a articulação de diversos atores da sociedade para a criação de uma rede de proteção às mulheres do Espírito Santo.
Sancionada em 07 de agosto de 2006, a Lei Maria da Penha tem entre seus objetivos: a criação de mecanismos para prevenir, punir e erradicar a violência; a criação dos Juizados de Violência Doméstica, a alteração no Código de Processo Penal e na Lei de Execução Penal; e o estabelecimento de medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Uma grande conquista para mulheres de todas as idades, cores e classes sociais do Brasil.
Em menos de um ano da publicação da Lei, o Espírito Santo instalou sua primeira Vara Especializada em Violência Doméstica, a 6ª Vara Criminal da Serra, no dia 22 de junho de 2007. A 6ª Vara foi também a segunda no País, instalada apenas um dia após a do Rio de Janeiro. Atualmente, a Vara possui cerca de 4.600 processos em tramitação e abre, em média, 180 novos autos por mês. Desde o ano passado, as audiências contam com um defensor público exclusivo para atender às vítimas e outro exclusivo para os réus e existe, ainda, uma equipe multidisciplinar para ajudar a dar orientações e conforto às mulheres. De acordo com a juíza titular, Ligia Sarto Müller, a Vara está realizando reuniões e diálogos constantes com o Ministério Público, a Prefeitura do município e outros órgãos para fortalecer a rede de proteção.

Além da Serra, as Comarcas de Vitória, Vila Velha, Cariacica e Linhares também possuem Varas especializadas em Violência Doméstica. A novidade é que o Projeto de Lei de Reestruturação do Judiciário, o PLC 39/2014, aprovado pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo nesta semana, apresenta um número de Varas Especializadas maior do que o da atual estrutura, ou seja, há uma possibilidade de ampliar o atendimento às vítimas, se necessário.

BOTÃO DO PÂNICO
No Espírito Santo, desde a criação da lei, em 2006, até 2013, foram deferidas 23.328 medidas protetivas. Mas de acordo com a Coordenadora Estadual de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, juíza Hermínia Azoury, a legislação deixou uma lacuna quanto à fiscalização do cumprimento das medidas.
Diante desta realidade, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo lançou, em abril do ano passado, um projeto inovador em parceria com o Instituto Nacional de Tecnologia Preventiva e com a Prefeitura de Vitória: o Botão do Pânico.
O Botão do Pânico é um dispositivo de segurança que monitora mulheres que estão sob medida protetiva na Capital, Vitória. O aparelho é simples, funciona por GPS. Quando a mulher ameaçada aciona o botão, as coordenadas geográficas são transmitidas a uma central de monitoramento da guarda municipal que, imediatamente, envia uma viatura da patrulha Maria da Penha ao local. O áudio fica gravado e pode servir como meio de prova para o juiz.
Uma pesquisa feita pela Equipe Multidisciplinar da Vara da Violência de Vitória com as vítimas que receberam o botão do pânico mostra que o sentimento de segurança aumentou entre elas. Antes de receberem o dispositivo, 35% das mulheres afirmavam se sentirem seguras com a medida protetiva. Após receberem o aparelho, o número passou a 57%. E para 80% delas, o Botão do Pânico gerou mudanças.
Depois do Botão do Pânico, o TJES lançou, em setembro do ano passado, outra iniciativa para melhor amparar essas mulheres que constantemente sofrem agressões, o Juizado Itinerante da Lei Maria da Penha, que presta serviço à comunidade de forma integrada, com a participação de vários órgãos e entidades públicas. O atendimento é feito em um ônibus, que percorre todo o Estado, dando prioridade às comunidades carentes ou Comarcas onde não existe ainda Vara Especializada em Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Nesta semana, o ônibus está em Guaçuí, no sul do Estado. Até o fim do ano, os municípios de Vargem Alta, Iconha e Colatina também recebem a visita do Juizado Itinerante da Lei Maria da Penha.

HISTÓRIA

Maria da Penha Maia Fernandes, uma farmacêutica do Ceará que sofreu durante 23 anos com a violência do marido, ficou paraplégica, em 1983, ao levar um tiro do companheiro em uma tentativa de homicídio. Não satisfeito, na segunda vez, ele tentou eletrocutá-la. Apesar das agressões, o marido ficou preso em regime fechado por apenas dois anos, após 19 anos de tramitação do processo. Foi então que, revoltada, Maria da Penha iniciou uma luta em defesa das mulheres, dando origem à Lei 11.340, que acabou ganhando seu nome em homenagem.

fonte: http://www.tjes.jus.br/index.php?option=com_content&view=article&id=10908:lei-maria-da-penha-completa-8-anos-nesta-quinta-07&catid=3:ultimasnoticias

quinta-feira, 17 de julho de 2014

A maior parte da violência contra as mulheres está dentro dos seus próprios lares!!!

No mês em que a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) completa sete anos de vigência, uma pesquisa de opinião inédita revelou que a violência doméstica e os assassinatos de mulheres pelos parceiros ou ex estão no cotidiano da maior parte da população e, por isso, entre as principais preocupações da sociedade.
Para o juiz Álvaro Kalix Ferro, representante do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) na Coordenação da Campanha Compromisso e Atitude e presidente do Fonavid (Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher), o caminho para enfrentar este problema já está traçado pela Lei Maria da Penha, uma das legislações “mais completas e avançadas do mundo”, na sua avaliação. O desafio é promover no Estado a especialização que a Lei exige, inclusive no Poder Judiciário.
“Ainda há necessidade de criação de Juizados Especiais de Violência contra a Mulher em muitas comarcas do País. Outros tantos juizados estão abarrotados de serviço e precisam ser multiplicados, fatos já levantados em recente pesquisa do próprio CNJ. Afora isso, a sobrecarga enseja a necessidade de maior número de juízes e de servidores, além de melhor aparelhamento estrutural, físico. A especialização e a capacitação também são desafios a serem enfrentados”, enumera.

Confira a entrevista.
A pesquisa revelou que, para 86% dos entrevistados, as mulheres passaram a denunciar mais os casos de violência doméstica após a Lei Maria da Penha. Esse dado representa uma conquista destes 7 anos de existência da Lei?
A Lei Maria da Penha é uma das três mais completas e avançadas do mundo e traz em seu bojo uma série de regras e mecanismos importantes na busca de se coibir a violência contra a mulher no âmbito familiar e doméstico.
A criação dos Juizados Especializados, sem dúvida, fez com que fosse afastada a ideia de impunidade que havia. A especialização desses Juizados e demais órgãos, quais sejam, Segurança Pública, Ministério Público, Defensoria Pública etc., faz com que haja maior crença no Sistema de Justiça e em seus resultados.
Por outro lado, dentre tantos mecanismos e regras que buscam coibir essa violência e melhorar o atendimento à mulher vítima desses delitos, a Lei Maria da Penha trouxe um considerado essencial, que é a medida protetiva. As medidas protetivas geram maior confiança à mulher no sentido de que é possível delatar a violência, estando sob o manto e resguardo de uma dessas medidas. Evidentemente que é preciso avançar mais, especialmente no tocante à fiscalização dessas medidas pelo poder público, de modo a dar efetiva proteção àquelas que são vítimas de violência.
A pesquisa revela que vergonha e medo de ser assassinada são percebidas como as principais razões para a mulher não se separar do agressor. Como o Estado e os serviços podem responder a essas duas causas de modo a contribuir para derrubar essas barreiras?
A especialização e a criação de redes de atendimento são primordiais. É preciso que a mulher se sinta protegida e acolhida pelos mecanismos decorrentes da Lei Maria da Penha quando delata o agressor. Esse medo pode ser inicialmente vencido com a concessão de medidas protetivas e com a fiscalização efetiva, concreta, dessas medidas concedidas às vítimas de violência ou impostas ao agressor. Mas não se pode olvidar que esse medo é fruto de uma violência arraigada no dia-a-dia dessa mulher, o que torna essencial o trabalho dos sistemas de Saúde e Assistencial, não só a atuação especializada do sistema de Justiça.
De igual modo, a vergonha, sentimento que assola parte dessas mulheres, tem que ser enfrentada de forma especializada, tanto no sistema de Justiça, quanto nos de Saúde e Assistência Social, a fim de que a mulher possa compreender a necessidade dessa denúncia como meio de conter e cessar a violência que sofre. Não só isso, mas também – e principalmente – a fim de que possa viver a plenitude de sua individualidade enquanto pessoa e sujeito de direitos iguais.
Vencidos estes aspectos, é importante frisar que recente pesquisa DataSenado constatou que cerca de 37% das mulheres continuam com os seus parceiros agressores, apesar da violência sofrida. Então, afora o processo criminal que enseja, é preciso também trabalhar essas questões com a mulher, seus filhos e com o próprio agressor (art. 30 da LMP), de modo que, havendo continuidade do relacionamento, haja compreensão da visão de gênero e o fim da violência.
A Pesquisa sobre Violência e Assassinatos de Mulheres apontou ainda que metade da população brasileira ainda considera que o modo como a Justiça pune esses casos não é eficiente para reduzir essa violência. O sr. poderia comentar essa percepção?
O sistema de Justiça vem se aperfeiçoando, como já mencionei antes, na busca da especialização. Não há dúvida de que há muito a ser feito. Acontece que, quando se fala no modo como a Justiça pune esses casos de violência, não se pode esquecer que a Justiça age nos termos e limites da Constituição Federal e das leis vigentes.
Outro aspecto importante a se dizer é que quando falha um dos componentes do sistema de Justiça, a pecha de ineficiência acaba recaindo, por vezes e indevidamente, sobre o Poder Judiciário, mesmo que não tenha qualquer correlação com essa falha, seja ela real ou apenas imaginária dentro daquele contexto em apreço.
Outro fator relevante é que, em pesquisas desta natureza, há uma tendência de se imaginar que o recrudescimento da legislação ou de penas seria solução total para a criminalidade. Então, é possível que também haja correlação entre essa resposta, de senso comum, de que o endurecer das penas é o caminho quanto à violência contra a mulher, quando a questão é muito mais complexa. Então, quer me parecer que essa resposta possa estar adstrita a todo o contexto do sistema legal e também do sistema de Justiça.
A pesquisa revelou que a maioria acha que os crimes contra as mulheres nunca ou quase nunca são punidos. A que o senhor atribuiria essa percepção da população?
Historicamente, a violência contra a mulher, especialmente cometida no meio familiar e doméstico, não recebia a importância devida e culturalmente chegava a ser aceita, com a utilização de bordões do tipo: “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”. Embora essa cultura venha em processo de mudança, até em virtude da própria Lei Maria da Penha, que enrijeceu o tratamento em face do agressor e criou mecanismos de proteção, a sensação de que esses crimes não são punidos decorre em parte desse tempo em que a lei e a sociedade viam essa violência de outra forma. Leva ainda algum tempo para assimilação dessas mudanças.
Outro fato a se relevar é que estamos em um momento diferente no cenário nacional, de cobrança popular quanto a todas as instituições. Penso que parte dessa percepção decorre um pouco deste momento em que vivemos.
Agora, é fato que a Lei Maria da Penha afastou, por exemplo, a aplicabilidade das regras previstas na Lei nº 9099/1995, dos Juizados Especiais Criminais, tais quais transação penal, suspensão condicional do processo, dentre outros mecanismos despenalizadores. Então, nos casos em que haja denúncia, isto é, ação penal, esta terá a sua tramitação até que seja julgada. Sendo constatada a responsabilidade do agressor, ele sofre a reprimenda prevista para a espécie de delito praticado.
Veja-se, por oportuno, que esta mesma pesquisa revela que 57% dos entrevistados acreditam que a punição dos assassinos das parceiras é maior hoje do que no passado. Porém, talvez estejamos carecendo, tanto o Poder Judiciário, quanto os demais órgãos ligados ao enfrentamento da violência contra a mulher, de uma melhor e maior massificação das informações sobre os crimes cometidos, a tramitação desses casos e suas consequências penais, cíveis e/ou administrativas. Campanhas informativas são essenciais, a meu ver, para melhorar essa percepção da população.
Como o sr. acaba de mencionar, a pesquisa apontou que 57% dos entrevistados acreditam que a punição dos assassinos das parceiras é maior hoje do que no passado. Como esse dado se relaciona com os dados anteriores?
Na verdade, não tenho em mãos dados estatísticos que possam revelar se a percepção popular de que a punição de assassinatos de mulheres realmente ocorre com maior frequência atualmente do que antes. Não podemos esquecer que, para casos tais, a própria população é quem julga o agressor, em Plenário do Tribunal do Júri, conforme previsão constitucional.
Uma coisa, porém, é certa: o diálogo da imprensa e dos órgãos de enfrentamento a essa violência com a população trouxe maior conhecimento acerca dos casos e de seus desfechos. A ampla cobertura e acompanhamento dos casos de assassinatos de mulheres, sejam eles tidos como emblemáticos ou não, parece-me tenha sido essencial para esta conclusão, esta percepção popular.
Que desafios a Justiça ainda enfrenta na concretização da Lei Maria da Penha?
Ainda há necessidade de criação de Juizados Especiais de Violência contra Mulher em muitas comarcas do País. Outros tantos juizados estão abarrotados de serviço e precisam ser multiplicados, fatos já levantados em recente pesquisa do próprio CNJ. Afora isso, a sobrecarga enseja a necessidade de maior número de juízes e de servidores, além de melhor aparelhamento estrutural, físico.
A especialização e capacitação, também, são desafios a serem enfrentados, tanto que o Colégio de Presidentes de Tribunais de Justiça decidiu, na mais recente reunião desse órgão que congrega todos os presidentes de Tribunais de Justiça dos Estados e DF, dar prioridade a essa temática, como antes mencionado.
Por fim, penso que um dos grandes desafios de todos os que trabalham no enfrentamento da violência contra a mulher reside na urgente e necessária formação e efetiva participação na rede de atendimento.
A pesquisa revela que 7 em cada 10 brasileiros acreditam que a mulher sofre mais violência dentro de casa do que em espaços públicos. Também que metade da população considera que as mulheres se sentem mais inseguras dentro de casa. Como o sr. avalia essa percepção da população sobre a violência doméstica contra a mulher?
Neste aspecto, essa percepção se coaduna com a realidade. As pesquisas e o trabalho do dia-a-dia revelam que a maior parte da violência contra as mulheres está dentro dos seus próprios lares, especialmente praticada por maridos, companheiros, namorados, ou aqueles com quem já tiveram essa espécie de relacionamento. Daí a maior complexidade dessa violência, pois ocorre dentro do lugar onde deveria imperar a igualdade e harmonia. É por isso que todos os mecanismos de proteção e empoderamento da mulher devem funcionar bem para enfrentamento desse problema.


Fonte:Débora Prado - Portal Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha
http://www.mariadapenha.org.br/index.php/9-artigos-de-noticias/7-violencia-dentro-do-lar